Demônios (Parte 2)

     Os demônios costumam se dividir através de títulos e classes, mas a principal divisão entre eles é feita através de sua origem:

Crines

     No topo da hierarquia estão os anjos caídos sobreviventes, celestiais que lutaram, um dia, ao lado de Lúcifer em sua legendária batalha contra o arcanjo Miguel, no ínicio dos tempos, e foram expulgardos do reino celestial e obrigados a viver na tormenta eterna do Inferno. Também se encaixam nesta casta alguns dos anjos que junto com Satanás abandonaram o Céu para cobiçar as filhas dos homens, dando origem a raça dos Nefilins. Apesar de serem em pouquíssimos números, se comparados as outras classes, esses são os mais poderosos cujo poder é maior do que a união de todas as outras castas juntas. Raramente deixam os terrenos infernais para virem a Terra, pois a simples presença desses demônios no nosso mundo causaria desastres e tragédias horrendas. Os mais conhecidos são Lúcifer, o Imperador do Inferno e Satanás, a Serpente do Éden.

Imps

     Logo abaixo dos Crines, estão os Imps, os deuses que por motivos, desconhecidos ou não, se tornaram demônios. São muito poderosos, mas não se comparam aos Crines.

Reluzentes

     São anjos que são expulsos ou abandonam o Céu e enquanto desertam encontram abrigo nas profundezas da terra profana e se unem aos demônios tornando-se iguais aos seus aliados. Muito pelo contrário do que se pensa, constantemente anjos são banidos ou abandonam o céu e se tornam demônios reluzentes. Mas, vale ressaltar que nem todo anjo expurgado se torna um demônio. Se tornam demônios aqueles que vagam até o Inferno e buscam por isso. Um anjo expurgado pode muito bem aprender a esconder sua aura e viver entre nós, humanos, usando seu avatar.

Incarnas

     No final desta hierarquia estão os Incarnas, para entender quem são eles, vamos ler um pequeno trecho extraído do Compendium Maleficarum:

“Diferentemente do Céu, onde os an­jos são separados dos santos e dos mortais que morreram como justos, mas nunca se tornarão celestiais, no Sheol (Inferno) até mesmo o espírito mais insignificante é aceito nas hostes malignas e, se for dotado de crueldade e malícia suficientes, pode galgar o comando, chegando a tornar-se demônio.”

     Esses são os Incarnas, almas humanas condenadas, que quando terminam de pagar sua pena no Inferno podem tornar-se demônios e dependendo de seu desempenho podem subir a uma alta hierarquia, tornando-se até mais poderosos que os Reluzentes e Imps.

     A criação de cada demônio Incarna é um ato podre de tortura, onde a alma é revirada e destruída, apenas para renascer em seguida, num aborto profano feito no próprio solo infernal.

     O mais famoso representante desta casta é Caim, que quando humano foi o patriarca do primeiro assassinato, tornando-se não só um simples demônio, mas o 53º Espírito do Selo. Outra grande representante é Morgaine Le Fay, popularmente conhecida como a Fada ou Bruxa Morgana, que após a morte tornou-se uma infernal que subiu tanto na hierarquia que, antes de desaparecer misteriosamente, chegou a ser a Sucubus confidente de Lilith, a Rainha das Sucubus, que por sua vez também é uma Incarna.

Imortais

     Demônios não precisam comer nem dormir, não envelhecem nem adoecem. São imortais, imunes ao fogo e regeneram praticamente quaisquer ferimentos. Só existem três maneiras de se acabar com um demônio definitivamente e elas são baseadas de acordo com a hierarquia acima citada.

Crines

     Só existe uma forma conhecida de acabar com esses demônios de poder inigualável: a Esmeralda Luciferiana, A Pedra Verde Manchada de Sangue, a fonte de poder do Imperador do Inferno que deu, e ainda dá, origem a todos os demônios. Fora a pedra, apenas os arcanjos detém poder suficiente para combater os Crines.

Imps

     Por terem sido deuses apresentam fraquezas específicas e consequentemente uma forma específica de matar, por exemplo, Moloch, cujos pés são seu único ponto fraco e rubi lhe fere a pele.

Reluzentes

     Como todos sabem anjos são seres de luz e absorvem a mesma. Logo, um reluzente mesmo sendo um demônio continua com o dom de absorver tal luz. A diferença é que a luz fere os reluzentes. Sendo assim, a forma de matar um reluzente é enviando-o ao local onde essa luz predomina em excesso: o Céu. Só se pode matar esse tipo de demônio enquanto estiverem possuindo uma pessoa. Nessas condições deve-se fazer um corte na palma da mão do possuído e colocá-la sob a testa do mesmo e deixar o sangue fluir enquanto diz-se a seguinte conjuração latina:

Caput mortum imperet tibi dominus per vivun et devotum serpentem!
Cherub imperet tibi dominus per Adan Jotchavah!
Aquila errans, imperet tibi dóminus per alas tauri.
Serpens imperet tibi dóminus tetragramaton per Angelum et leonem.
Michael, Gabriel, Raphael, Anael, fluat udor per espiritum Elohim.
Maneat terra per Adan Jot-Chavah.

Fiat firmamemtum per iahuvehu – Zabaoth.
Fiat judicium per ignem in virtute Michael.

     Após isso o demônio, provavelmente já deve ter sido enviado aos domínios celestiais, e lá deve absorver tanta luz divina (que agora lhe causa dano) que se extinguirá no universo.

Nota: A luz referida não é a luz mundana e sim a celestial que ilumina todos os céus.

Incarnas

     O mais importante, a saber, desses demônios menores é que, como se originaram a partir de almas humanas perversas, esses são formados por dois corpos: a alma corrompida em si e uma carcaça que funciona como um corpo carnal que envolve a alma, protegendo-a. Nem mesmo a decapitação ou destruição do seu corpo carnal são capazes de destruí-los permanentemente, pois seu corpo carnal terá sido destruído, mas sua alma ainda está presa ao Inferno. Quando o carnal é destruído, a alma do demônio dissipa-se no Inferno e se abriga nas profundezas da terra profana. Lá, escondido e protegido, o carnal começa a se reformar, num processo lento e doloroso. Há apenas uma maneira de destruir um Incarna permanentemente: a destruição de sua alma. Um anjo ou até mesmo outro demônio (que não seja Imp) faz isso facilmente devorando a tal alma, mas como nós não temos esse dom precisamos atacá-los com magias que afetem a alma, ou seja, devemos produzir ferimentos místicos semelhantes aos deixados pela Chama do Pecado. A forma mais prática de produzirmos esses ferimentos místicos é através do desenvolvimento das Habilidades Astrais. Para mais informações sobre tais habilidades, vide: Projeção Astral.

     Como vocês puderam conferir, é um tanto complicado matar demônios, por isso é aconselhável que os caçadores inexperientes utilizem apenas os exorcismos.

Nota: A única exceção são os 72 Espíritos dos Selos, cuja morte se dá através de um ritual onde uma pessoa é possuída e durante a possessão ela tem que cometer suicídio em uma forma ritualística. Contudo, como a Ordem de Siles não promove rituais que envolvam sacrifício, tanto humano quanto animal, nós não o divulgaremos aqui.

Pactos

Exemplo de pacto escrito em árabe.

     Pactos são uma fraqueza e uma vantagem dos demônios. Ao fazer um pacto, um demônio não pode quebrar sua palavra e suas ações passam a ser limitadas de acordo com o pacto. Um demônio só pode quebrar um pacto quando o acordo é traído pela outra parte ou se ambos concordarem em desfazê-lo. Pactos entre demônios, portanto, podem ser eternos.
     Pode parecer simples criar pactos, mas não é bem assim. Demônios são limitados pelas regras do pacto, mas podem interpretá-las da maneira que quiserem. Qualquer coisa que não esteja explicitada pelo acordo não afeta um demônio.
     Por exemplo, se um demônio é proibido de matar uma pessoa pelo pacto que fez, ele poderá ainda feri-la, torturá-la ou mesmo mandar assassiná-la. Mesmo deixá-la para morrer em algum lugar deserto não seria uma quebra das regras, afinal, o pacto apenas diz que o demônio, pessoalmente, não pode matá-la.

     No passado, os pactos eram escritos. Mortais que conheciam o perigo costumavam criar contratos longos e detalhados, procurando explicitar cada detalhe, a fim de evitar as interpretações do demônio. Atualmente, porém, as maiorias dos pactos são simples, compostos por contratos curtos ou simples apertos de mão. Mesmo um pacto falado deve ser obedecido pelo demônio, mas sua falta de detalhes permite que as regras sejam obedecidas da maneira que o demônio achar conveniente.

Talismã de Tsualé

     Existem vários amuletos capazes de repelir os demônios, mas existe apenas um que se destacou por sua eficácia: o Talismã de Tsualé. Um talismã raríssimo feito a partir de uma pedra mística encontrada apenas na Ilha de Avalon. Como e quando essa pedra veio parar no nosso mundo é um mistério, mas dizem que foi trazida por uma bruxa muito poderosa de 10º grau, chamada Tsualé que, ao se arrepender de sua escolha de unir-se aos demônios, foi a Avalon, retornou com várias pedras mágicas capazes de afastar os demônios e distribui entre seus entes queridos com o intuito de protegê-los. Logo depois, Tsualé desapareceu misteriosamente. Provavelmente para que os demônios não descobrissem seu paradeiro, pois uma bruxa traidora de 10º grau tem poder e conhecimento suficiente para causar grandes catástrofes nas zonas infernais, ela apagou todos os registros que falavam a seu respeito, não deixando nenhum rastro na história, como se nunca tivesse existido. O que sabemos hoje vem passando de boca em boca através dos séculos, mas ainda sim é um grande mistério que só Tsualé poderia revelar.

      Não se pode comprar, vender ou roubar um Talismã de Tsualé, pois, segundo a lenda, a bruxa enfeitiçou-os fazendo com que esses só tenham efeito no dono ou na pessoa a quem foi dado pelo último proprietário. Exemplo: João possui um desses talismãs, mas antes de morrer ele o dá, de BOM GRADO, a seu filho. O filho de João agora é o proprietário do talismã e esse só protegerá ao tal filho de João até que o mesmo o doe a outro felizardo. E assim sucessivamente os talismãs vêm passando de mão em mão durante os séculos. Tsualé deve ter feito isso com a intenção de que os talismãs não caíssem em mãos erradas.

Vale lembrar que depois de recebido, a pessoa não pode nunca mais retirar o talismã, pois isso permite que qualquer um tome posse dele e se torne o novo dono da relíquia. Exemplo: Se eu tenho um desses talismãs, o retiro e deixo em algum local, qualquer pessoa pode chegar e começar a usá-lo passando a ser o novo proprietário. Sendo assim se por algum motivo indispensável eu precise retirá-lo por algum instante, tenho que pegá-lo de volta antes que alguém o “roube”.

Caso o último proprietário morra sem dá-lo a ninguém, o talismã fica a mercê de qualquer um e qualquer pessoa pode pegá-lo e tornar-se o novo proprietário.

O talismã não é necessariamente um colar, ele pode ser um anel, um pingente, um brinco, uma pulseira... O importante é a pedra, pois é ela que guarda todo o encantamento de proteção.

Existem várias dessas pedras pelo mundo. Muitas já foram divididas e repartidas em vários, o que não quebrou o encantamento, mas o enfraqueceu. Os inalterados, como o das duas primeiras fotos, são os realmente poderosos.

     Existem outros amuletos que ajudam a afastar demônios como a pedra sílex bruta e o Medalhão de Salomão. Obviamente não se comparam a pedra de Tsualé, mas não deixam de ser de grande ajuda em quesitos de repelir demônios.

Como eu não detenho um Medalhão de
Salomão, eu postei essa foto da internet,
que mais assemelhe-se com o original
para vocês terem uma noção de como
é o medalhão.